sábado, 2 de maio de 2009

Em 1991, o governo da Somália, lá no chifre da África, entrou em colapso. Desde então, nove milhões de pessoas estão à beira da fome e da miséria. E foi então que muitos países viram isso como uma grande oportunidade para roubar o suprimento de comida do país e jogar lixo nuclear em seus mares.

Lixo nuclear, exato! Assim que o Governo faliu, misteriosos navios europeus começaram a aparecer na costa da Somália, jogando vários barris para dentro do oceano. A população costeira começou a adoecer. No começo apareceram estranhas feridas, náusea e bebês mal-formados. Então, depois do tsunami de 2005, centenas dos barris jogados apareceram na praia. Começaram a sofrer de doenças em consequencia da radiação, e mais de 300 morreram.

Ahmedou Ould-Abdallah, enviado das Nações Unidas à Somália, informou: "Alguém está jogando material nuclear aqui. Também há chumbo e metais pesados como cádmio e mercúrio - e muito mais". Muito desse material pode ter vindo de hospitais e fábricas européias, que parecem ter passado à máfia italiana a tarefa de "desovar" da forma barata.

Ao mesmo tempo, outros navios europeus estão roubando dos mares somalis sua maior riqueza: comida. Mais de 30 milhões em atum, camarão, lagosta e outras vidas marinhas são roubadas todo ano por imensos navios pesqueiros que ilegalmente pescam nos mares desprotegidos da Somália. De repente, o pescador local perdeu seus meios de sobrevivência e passa fome.
Quem imaginaria que em 2009, os governos de vários países estariam declarando uma nova guerra aos piratas? Nesse exato momento, a Marinha Real Britânica, apoiada por navios de mais de duas dúzias de nações, dos EUA a China, está entrando em águas somalis para atacar os tais vilões.

Piratas?


* Os piratas da Somália estarão a actuar em desespero de causa. Desde 2005 que o fazem após o tsunami de Dezembro de 2004 ter provocado a contaminação da costa do país pelo arrastamento de enorme quantidade de lixo tóxico que maltratou e matou muita gente. Fazem-no porque acham que o seu governo nada fez para os ajudar e que as Nações Unidas, a quem se queixaram, não conseguiu punir os responsáveis, nomeadamente a suiça Achair Partners e a italiana Progresso, com quem os políticos e os líderes das milícias da Somália assinaram acordos no início dos anos 90 para o despejo desse lixo tóxico e radioactivo. Não só não houve penalizações nem indemnizações, como também não houve limpeza e descontaminação das zonas costeiras. Para cúmulo, frotas pesqueiras estrangeiras continuam a dizimar os bancos de pesca e recrutam milícias locais para intimidar os pescadores. Daí a tomarem o destino nas suas próprias mãos foi um ar. A Índia, os EUA e o Reino Unido aparecem agora unidos para abater os piratas, esquecendo os causadores da tragédia, os que, durante anos, despejaram impunemente lixo tóxico e radioactivo ao longo das costas da Somália.