domingo, 20 de setembro de 2009

Mulá Omar diz que tropas no Afeganistão serão derrotadas


O Mulá Mohammad Omar, líder do talibã afegão, divulgou uma nota neste sábado na qual afirma que as tropas ocidentais no Afeganistão serão derrotadas em breve, e que seus líderes deveriam aprender com as lições da história. O mulá Omar tachou de "esforços demagógicos" as tentativas dos líderes estrangeiros de "justificar uma ilegal e longa guerra imposta".

Semanas antes do oitavo aniversário da invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o regime talibã, o Mulá Omar afirma que o Afeganistão será a sepultura das tropas "coloniais".

O comunicado publicado no site da insurgência, ele destaca que os soldados estrangeiros estão sofrendo com "enormes baixas e moral em queda".
http://www.blogger.com/img/blank.gif
"Quanto mais o inimigo recorre ao aumento de suas forças, mais se aproximarão de uma derrota inequívoca no Afeganistão", diz a nota.

O Mulá Omar é um dos fundadores do talibã. Acredita-se que esteja atualmente no Paquistão.

Em sua mensagem, o líder fundamentalista afirma ainda que, ao manter suas tropas no Afeganistão, os países da coalizão "apenas prolongarão a atual crise, sem jamais resolvê-la".

"Os invasores deveriam estudar a história do Afeganistão desde a época da agressão de Alexandre (...) até o dia de hoje, e deveriam tirar uma lissão disto", declara.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=9&id_noticia=115958

sábado, 12 de setembro de 2009

Sempre os estadunidenses...

Já se passaram 18 anos após a queda da ditadura do sanguinário presidente Mohammed Stad Baré, mas a Somália não conseguiu até hoje ter um governo estável e forte. Mergulhada no lodaçal da guerra civil, constitui uma dos mais fracassados Estados do mundo.

Calcula-se que 1 milhão de somalis foram mortos, enquanto outros tantos fugiram do país para salvarem suas vidas. O movimento guerrilheiro Al Sabaab ("juventude" em árabe), constituiu o braço armado da parcela de separatistas da União dos Tribunais Islâmicos (ICU) que, em 2006, controlava a maior parte do território norte e central da Somália.

Quando os EUA, com sua famigerada política externa, encorajaram a vizinha Etiópia a invadir a Somália e combater a União dos Tribunais Islâmicos, a guerrilha da Al Sabaab começou a se enfraquecer, mas sobreviveu e, depois da retirada da Etiópia do território da Somália, o poder militar da Al Sabaab cresceu e hoje controla a maior parte do território somali e vários bairros e subúrbios da capital Mogadíscio.

EUA não esquecem Mogadíscio

Idálio Soares

Africa News Agency/Sucursal da África Oriental.

A identificação de todos aqueles que foram recrutados e treinados pela Al Qaeda e, posteriormente, retornaram ao Ocidente é extremamente difícil. Um dos poucos identificados e presos na Austrália, Shanei Edou Haveis, de 27 anos, pai de quatro filhos, foi um imigrante somali que procurou vida melhor para si e sua família na Austrália.

Para seus amigos e vizinhos, ele era um "australiano" comum que havia se adaptado, perfeitamente, ao ocidental "way of life". Porém, há cerca de 18 meses, mudou de costumes e passou a visitar, frequentemente, a mesquita de Melbourne, deixou crescer a barba e passou a usar o característico traje islâmico.

Em seguida, voltou aos seus hábitos anteriores, raspou a barba, adotou o traje ocidental e começou a frequentar os bares e cafés de Melbourne. Para as autoridades, tudo isso foi para despistá-las, pois ele havia sido recrutado pela Al Sabaab.

Retirada humilhante

Hoje, o enfrentamento da ameaça não é uma tarefa fácil para os países ocidentais e, particularmente, para os EUA. Uma invasão militar norte-americana na Somália seria um fiasco, uma catástrofe.

Nos EUA ainda se lembram da batalha de Mogadíscio, em 1993, quando os EUA, em seu esforço para prenderem um somali, "senhor da guerra", 18 soldados norte-americanos foram mortos e cerca de 80 ficaram feridos em um tiroteio que durou 18 horas e terminou com a retirada humilhante das forças dos EUA.

A fim de evitarem fiasco semelhante, os EUA e os demais governos ocidentais têm depositado suas esperanças sobre o governo de transição do país, o qual, contudo, mostra que não está disposto de enfrentar a Al Sabaab, que está disseminando, incessantemente, seus objetivos e seu controle na Somália.

O movimento não dissimula que o próximo alvo de seus guerrilheiros serão os países ocidentais e, especificamente, os EUA e a Grã-Bretanha.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sobre as Guerras

Entre 1495 e 1975, as Grandes Potências estiveram em guerra durante 75% do tempo, começando uma nova guerra a cada sete ou oito anos. As guerras foram a principal atividade dos estados nacionais europeus, durante seus cinco séculos de existência, e agora de novo, o século XXI já começou sob o signo das armas. Neste contexto, soa absolutamente cômica e desnecessária a justificativa de que as novas bases militares dos EUA, na Colômbia, tem a ver com o combate ao narcotráfico e a guerrilha local. O artigo é de José Luís Fiori.

Entre 1495 e 1975, as Grandes Potências estiveram em guerra durante 75% do tempo, começando uma nova guerra a cada sete ou oito anos. Mesmo nos anos mais pacíficos deste período, entre 1816 e 1913, estas potências fizeram cerca de 100 guerras coloniais. E ao contrário das expectativas, a cada novo século, as guerras foram mais intensas e violentas do que no século anterior (J. Levy, “War in the modern Great Power System”, Ky Lexington, 1983). Por isso, se poder dizer que as guerras foram a principal atividade dos estados nacionais europeus, durante seus cinco séculos de existência, e agora de novo, o século XXI já começou sob o signo das armas. Mas apesar disto, segue sendo um tabu falar e analisar objetivamente o papel das guerras na formação, na evolução e no futuro do sistema inter-estatal capitalista, que foi “inventado” pelos europeus, nos séculos XVI e XVII, e só se transformou num fenômeno universal, no século XX. Talvez, porque seja muito doloroso aceitar que as guerras não são um fenômeno excepcional, nem decorrem de uma “necessidade econômica”. Ou porque seja muito difícil de entender que elas seguirão existindo, mesmo que não ocorram enfrentamentos atômicos entre as Grandes Potências, porque elas não precisam ser travadas para cumprir seu “papel” dentro do sistema inter-estatal. Basta que sejam planejadas de forma complementar e competitiva.

A primeira vista, tudo isto parece meio absurdo e paradoxal. Mas tudo fica mais claro quando se olha para o começo desta história, e se entende que o sistema mundial em que vivemos, foi uma conquista progressiva dos primeiros estados nacionais europeus. E desde os seus primeiros passos, este sistema nunca mais deixou de se expandir, “liderado” pelo crescimento competitivo e imperial de suas Grandes Potências, que lutam permanentemente para manter ou avançar sua posição relativa dentro do sistema. Por isto, tem razão o cientista político norte-americano, John Mearsheimer, quando diz que “as Grandes Potências têm um comportamento agressivo não porque elas queiram, mas porque elas têm que buscar acumular mais poder se quiserem maximizar suas probabilidades de sobrevivência, porque o sistema internacional cria incentivos poderosos para que os estados estejam sempre procurando oportunidades de ganhar mais poder às custas dos seus rivais...”. (Mearsheimer, “The tragedy of the great powers”, 2001: 21).

Neste processo competitivo, a guerra, ou a ameaça da guerra, foi o principal instrumento estratégico utilizado pelos estados nacionais, para acumular poder e definir a hierarquia mundial. E as potências vencedoras - que se transformaram em “líderes” do sistema - foram as que conseguiram conquistar e manter o controle monopólico das “tecnologias sensíveis”, de uso militar. Por sua vez, esta competição pela ponta tecnológica, e pelo controle monopólico dos demais recursos bélicos, deu origem à uma dinâmica automática e progressiva, de preparação contínua para as guerras. Numa disputa que aponta todo o tempo, na direção de um império único e universal. Mas, paradoxalmente, este império não poderá ser alcançado sem que o sistema mundial perca sua capacidade conjunta de seguir se expandindo. Por que? Porque a vitória e a constituição de um império mundial seria sempre a vitória de um estado nacional específico. Daquele estado que fosse capaz de impor sua vontade e monopolizar o poder, até o limite do desaparecimento dos seus competidores. Se isto acontecesse, entretanto, acabaria a competição entre os estados, e neste caso, os estados não teriam como seguir aumentando o seu próprio poder.

Ou seja, neste sistema inter-estatal inventado pelos europeus, a existência de adversários é indispensável para que haja expansão e acumulação de poder, e a preparação contínua para a guerra é o fator que ordena o próprio sistema. Assim mesmo, como a “potência líder” também precisa seguir acumulando poder, para manter sua posição relativa, ela mesma acaba atropelando as instituições e os acordos internacionais que ajudou a criar num momento anterior. Ela é quem tem maior poder relativo dentro do sistema, e por isto, ela é que acaba sendo, quase sempre, a grande desestabilizadora de qualquer ordem internacional estabelecida.

Agora bem, a preparação para a guerra, e as próprias guerras, nunca impediram a complementaridade econômica e a integração comercial e financeira, entre todos os estados envolvidos nos conflitos. Pelo contrário, a mútua dependência econômica sempre foi uma peça essencial da própria competição. Às vezes, predominou o conflito, às vezes a complementaridade, mas foi esta “dialética” que se transformou no verdadeiro motor político-econômico do sistema inter-estatal capitalista, e no grande segredo da vitória européia, sobre o resto do mundo, a partir do século XVII.

Entre 1650 e 1950, a Inglaterra participou de 110 guerras aproximadamente, dentro e fora da Europa, ou seja, em média, uma à cada três anos E entre 1783 e 1991, os Estados Unidos participaram de cerca de 80 guerras, dentro e fora da América, ou seja, em média, também, uma a cada três anos. (M. Coldfelter, “Warfare and armed conflicts”, MacFarland, Londres, 2002). Como resultado, neste início do século XXI, os Estados Unidos tem acordos militares com cerca de 130 países, ao redor do mundo, e mantém mais de 700 bases militares, fora do seu território. E assim mesmo, devem seguir se expandindo - independente de qual seja o seu governo - sem precisar ferir necessariamente o Direito Internacional, e sem precisar dar explicações a ninguém. Por isto, soa absolutamente cômica e desnecessária a justificativa de que as novas bases militares dos EUA, na Colômbia, tem a ver com o combate ao narcotráfico e a guerrilha local, assim como os argumentos que associam a instalação do escudo anti-mísseis dos EUA, na fronteira com a Rússia, com o controle e bloqueio de foguetes iranianos. Como soa ridícula, neste contexto, a evocação do “princípio básico da não ingerência”, na defesa das decisões colombianas, polacas ou checas. Neste “jogo” não há limites e por mais lamentável que seja, os “neutros” são irrelevantes ou sucumbem, e só lhes restam duas alternativas, para os que não aceitam aliar-se ou submeter-se à potencia expansiva: no caso dos mais fracos, protestar; e no caso dos demais, defender-se.

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Darfur: alto funcionário destaca papel da Líbia em conflito sudanês


Gration exaltou os esforços de Tripoli para que os movimentos rebeldes de Darfur se unam para negociar a paz e tranquilizar as tensões no país.
Cairo - O emissário americano para o Sudão Scott Gration ressaltou o papel "muito positivo" da Líbia na resolução do conflito de Darfur e em suas repercussões no Chade, durante uma reunião com autoridades egípcias, líbias e sudanesas no Cairo.
"Estou muito impressionado com o papel assumido pelos líbios", declarou ontem (23) Gration à imprensa, referindo-se aos esforços de Tripoli para que os movimentos rebeldes de Darfur se unam para negociar a paz e tranquilizar as tensões no país.
"Os líbios têm um papel muito positivo e estamos muito orgulhosos de nossa parceria com eles" nesta questão, acrescentou.
Segundo Gration, os "encontros quadripartitos" com autoridades sudanesas, líbias e egípcias serviram para tratar temas além do conflito de Darfur, evocando as relações entre o poder de Khartoum e as províncias do sul sudanês, assim como outros "problemas regionais"
http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=8815036&indice=0&canal=401